
Café é sempre uma boa pedida, principalmente quando usado como pré-treino, concorda?
Mas o que me traz hoje aqui é a análise do que uma marca fazendo para aumentar a demanda, melhorando as vendas dos seus produtos físicos em forma de experiência.
Por mais que o café possa ser comprado em supermercados (varejo), a marca pode influenciar sua experiência, oferecendo o produto em um ambiente acolhedor, criteriosamente planejado para você sentir o real sabor do produto em um determinado contexto.
Ontem precisei levar meu filho para fazer um exame em um laboratório dentro de um shopping da zona oeste do Rio de janeiro. Lá, me deparei com uma cafeteria da marca Pilão, isso mesmo, a marca tradicional de um dos cafés mais vendidos no Brasil.
Não é a primeira vez que tenho essa experiência com marcas que decidem investir na área de serviços. Frequentei bastante a “Casa Bauducco” em outro shopping também.
Qual seria a real intenção da marca Pilão ao partir para o serviço?
Não vejo outra alternativa, a não ser: Guiar a experiência do consumidor ao degustar o café da marca.
A experiência envolve a preparação do café, o local da cafeteria, a forma que o atendente aborda o cliente, a temperatura do local, enfim, uma série de fatores que influenciam seu julgamento sobre a marca, podendo ou não aumentar o consumo do produto dentro e fora do estabelecimento.
O que a marca Pilão pode planejar com as cafeterias da marca?
- Estratégia de extensão da marca, incluindo-a na categoria de serviços;
- Estratégia de verticalização da marca, assumindo etapas posteriores da cadeia (varejo direto ao consumidor);
- Marketing de Experiência, criando ponto físico criteriosamente planejado para momentos de relaxamento e interação com a marca;
- Reposicionamento estratégico, com esforços para elevar o valor da marca na mente do consumidor.
Como seria se fornecedores do mercado fitness fizessem o mesmo?
Imaginem as situações abaixo:
- Marca Hammer Strength criando CTs de musculação pelo Brasil;
- Marca Technogym criando estúdios premium para atender a classe A em bairros nobres;
- Life Fitness criando academias modelo “Club”, com salas de musculação enormes e diversas modalidades.
Hoje temos no mercado a rede de estúdios Mormaii, marca que começou vendendo roupas e acessórios ligados ao surf, mas que hoje influencia o estilo de vida saudável através da prática de exercícios regulares em seus estúdios de treinamento funcional.
Nike invadiu o mercado fitness com foco no treinamento que melhora a funcionalidade, bem-estar, corrida e experiência digital. É uma estratégia que eleva consideravelmente o valor da marca. Ela mesma cria demanda para seus produtos físicos.
O que essas marcas têm em comum?
- Força (marca) e capital para criarem e abrirem dezenas de unidades de academias e negócios afins em curto espaço de tempo;
- Influência suficiente para anular qualquer comparação na mente do consumidor. Uma academia da Hammer teria mais força na mente do consumidor do que uma academia de bairro;
- Altíssimo potencial estratégico para campanhas de marketing antes da inauguração e depois dela.
Lembre-se, mesmo a Mormaii sendo marca de material de surf, por ser bem conhecida pela geração X, ela poderia até ter uma rede de lanchonetes. Ainda assim as pessoas confiariam na marca.
Se a Nike criar uma rede de CTs para treinamento de diversas modalidades (não apenas academias), terá enorme vantagem em relação a qualquer marca de bairro. Não há dúvidas.
O que você faria…
- se abrisse uma unidade da rede de academias Life Fitness ao lado do seu negócio?
- se abrisse uma academia da marca Matrix ao lado da sua?
- se abrisse um estúdio de treinamento aeróbio da marca Schwinn perto do seu estúdio?
Por que seria fácil para essas marcas?
- Uma das coisas que mais dificulta a abertura de uma academia é o investimento em equipamentos (eles fabricam esses equipamentos);
- O fato de fabricarem os equipamentos reduz absurdamente o custo inicial e reduz assustadoramente o tempo de payback;
- A manutenção e tempo de reposição de peças seriam incomparáveis.
Seria exatamente como a Pilão está fazendo com a cafeteria, eles estariam criando a própria demanda.
Fico me perguntando: Será que eles não perceberam ainda esse potencial de crescimento?
Eles são grandes e já devem ter penado nisso, assim como no foco necessário para fazerem suas operações decolarem apenas em suas especialidades. Uma coisa é vender equipamento, outra é fazer a gestão de um negócio chamado “academia”.
Mas que fico curioso, eu fico. E você?





