
Se tem algo que apavora pais do mundo inteiro é o vício da criança e adolescente em tecnologia. A gente diz que nossa infância foi melhor, com mais brincadeiras na rua e jogos em equipes.
Mas lembra que quem tinha recursos financeiros para ter um Atari ou outro videogame, também ficava dentro de casa com o “controle” na mão a tarde inteira?
Nossa infância foi melhor por conta do que havia disponível. Talvez nossos antepassados digam que as infâncias deles foram melhores ainda, pois não havia tecnologia alguma para distração.
O acesso dá o tom
Quando a criança tem acesso a algo que não tínhamos no passado, certamente fará uso, caso não haja algum tipo de controle dos pais. No nosso tempo, as mães ou pais desligavam o videogame na tomada ou escondiam as fitas. As atitudes dos pais eram a base.
“Se você não fizer o dever de casa assim que chegar da escola, não vai para a praça”. Isso eu ouvia da minha mãe. Como eu não tinha videogame, ficava impedido de encontrar meus amigos para subir em árvores e telhados dos outros.
Quanto de acesso seu filho tem aos recursos tecnológicos que tiram ele das brincadeiras que envolvem o movimento?
A fantasia do esporte
Matricular seu filho no Jiu Jitsu ou em qualquer outro esporte para fins de desenvolvimento da disciplina ou para ter uma rotina repleta de movimento pode funcionar para alguns, mas não qer dizer que funcionará para todas as famílias.
Nem sempre seu filho aprenderá com outro adulto algo que você, como pai ou mãe, não conseguiu ensinar ao longo da infância.
Esporte é uma ferramenta poderosa, talvez a melhor delas para prevenção de doenças, socialização e promoção real da saúde e qualidade de vida. O movimento salva vidas diariamente em qualquer faixa etária.
Se tem algo que crianças e adolescentes têm dificuldade é em ouvir os pais, mas são verdadeiros peritos em copiar o que eles fazem. Quer matricular seu filho em um esporte? Matricule, mas saiba que ele pode até gostar, mas em algumas famílias será apenas uma rotina de obediência e nem sempre de felicidade. Criança copia!
A influência dos pais

Qualquer criança pode praticar pela vida inteira um esporte que ela gosta.
Mas atenção, pais, o esporte que seus filhos gostam de praticar nem sempre é aquele que você quer que ele pratique.
É comum pais matricularem filhos em esportes para desenvolverem autoconfiança, autodefesa e também a socialização. Tem pais que obrigam o filho a nadar, por exemplo, para fins de segurança em eventos com piscinas.
Tem pais que desejam para os filhos o que eles não tiveram condições de ter na infância, mesmo sabendo que nem sempre os filhos desejam. Percebem agora o paradoxo?
Que tipo de influência você como pai ou mãe quer realmente exercer na mente do seu filho que é mestre em copiar, não em ouvir?
A importância do movimento na infância (família)
Os cérebros das crianças são imaturos e nem sempre compreendem a importância de se dedicar a algo que seus pais os obrigam.
Esportes de combate (lutas) certamente melhoram a autoconfiança, a força muscular, o senso de pertencimento, entretanto, a autoconfiança de uma criança tem maior potencial de desenvolvimento quando ela pratica o que gosta, superando barreiras com apoio dos pais.
Alguns esportes são realmente necessários, como natação (sobrevivência) e esportes de combate, pelos desafios e desenvolvimento de amplo repertório motor, além de diversas qualidades físicas.
ALERTA: Os motivos pelos quais pais e mães estão matriculando filhos em esportes podem não estar alinhados com a prevenção de males piores do que a real necessidade de autodefesa ou autoconfiança.
O alarme

Nunca houve tanta criança obesa no Brasil e no mundo. Nunca se deu tão pouca importância ao trabalho da educação física nas escolas, escolas estas que focam apenas na aprovação do Enem. A garantia do futuro através da aprovação em um concurso virou moeda de troca.
Os condomínios de hoje têm áreas de lazer bem estruturadas (quadras, pistas), mas todas elas com Wi-Fi com banda suficiente para mais de 20 smartphones conectados ao mesmo tempo. Não é surpresa ver um grupo de crianças com seus celulares nas mãos, sentados no chão da quadra, jogando Roblox.
Quer seu filho no Jiu Jitsu para aprender a se defender? Vale a pena, mas as crianças não brincam mais. Quer que ele aprenda a nadar para não se afogar? Vale a pena também, mas as crianças não brincam mais.
Você pode definir o futuro do seu filho
O Jiu Jitsu duas vezes por semana é pouco para seus filhos. O futebol ou natação 2 vezes por semana também não são suficientes.
A escola não apostará em uma educação física de qualidade, a ponto de contribuir com a quantidade mínima de movimento necessária não só para tirar seu filho do sedentarismo, mas para prevenção de doenças que já batem na porta.
Você como pai, mãe, devem fazer com que seus filhos se movimentem ao menos 1h por dia com atividades que não envolvem tecnologia.
- Crie um grupo de pais no condomínio para incentivar ou até mesmo planejar jogos e momentos que envolvem movimentos com as crianças;
- Estude uma forma de implementar no condomínio escolas esportivas, pois o que impede muitas famílias de incentivarem a prática esportiva pelos filhos é a logística;
- Combine com outros pais de irem para a praça ou play, desde que nenhuma criança tenha acesso ao celular no momento da brincadeira.
Muitos pais se vangloriam de que “na minha época eu brincava a tarde inteira na rua”, mas não percebe que as estruturas de lazer de hoje são diferentes e a segurança de espaços públicos também.
E sabe o que é pior? Os pais que se vangloriam de suas infâncias não investem tempo para ensinar aos filhos o que viveram no passado, pois estão cansados, premiando seus filhos com o smartphone de última geração.





